Elegeu-se um dia no calendário anual para se pensar no Professor. Do
contrário, parece ser o dia em que menos se pensa nele, uma vez que
muitas questões em volta dele merecem bem mais importância para a
sociedade. É o salário o assunto mais cogitado de todos, quando
não, tudo o mais é relacionado, menos a condição exclusivamente
humana do Professor. A merenda que lhe fora negada; o tão alardeado
“Piso Salarial” de valorização profissional que nunca é pago
integralmente; as vantagens promocionais relativas ao cargo que não
são reconhecidas... Até mesmo as ideias político-educacionais são
mais relevantes do que propriamente a figura humana do Professor.
Certamente, se todos esses direitos não lhes fossem negados não
dariam atenção exagerada a eles. Talvez, sem esses problemas da
“Profissão” por perto, pudéssemos enxergar um professor mais
humano que sofre, que também é família, que também é gente, se
diverte, come, dorme, viaja, adoece e se alegra, ama, tolera, sente e
fica indignado. Sem dúvida, haveria um maior destaque à condição
humana mesma do Professor.
Que bom seria se todos os Professores vivessem mais como irmãos uns
dos outros, sem grandes revanchismos e desafetos; Que bom seria se os
Professores fossem mais amigos e criassem um ambiente de família na
escola. Que bom seria se os Professores cuidassem uns dos outros como
uma verdadeira necessidade de sobrevivência. Que bom seria se os
Professores aceitassem seus erros e percebessem, com isso,
crescimento e mudança. Que bom seria se os Professores fossem
verdadeiros leitores. Que bom seria se os Professores continuassem a
ser alunos. Que bom seria se.... Ah! Deixemos de baboseira e vamos ao
que interessa. Os professores precisam encarar uma realidade: A
CONCORRÊNCIA. Não é a internet, muito menos a praça, nem os
barzinhos abertos em hora de aula, tampouco os celulares, mas a vida.
Porque mais importante do que a Educação numa escola, é a vida.
Maior do que qualquer Escola é a escola da vida. O melhor mestre é
o mestre da vida. Mesmo assim, não sejamos pedantes nem suficientes,
achando que tudo, inclusive a vida independem dos professores e dos
espaços escolares! Menos. Hoje, sobretudo hoje, os Professores são
capazes de influenciar pessoas, sobretudo a vida.
Muitas vezes, o aluno não ouve os pais, não dá atenção à
família. O aluno, do mais ao menos rebelde, quando não quer ouvir
ou dialogar com a família, raramente busca o seu professor para uma
atenção a mais, para uma boa conversa. Porém, quando nada disso
funciona. Pai, mãe, irmãos, tios, tias, amigos, professores, enfim.
Quando nada o fizer ouvir, só lhe restará, afinal, a vida. As duras
quedas, o choque com a existência, a vida nua e crua, sem ou com as
máscaras, sem ou com as contradições em que ela está eivada, sem
ou com as hipocrisias. Assim, quando nada mais o reprovar, nem mesmo
a Escola, a vida estará lá, esperando para reprová-lo sem dó nem
piedade. Por isso, ainda é tempo de ouvir o professor.
Se o aluno e as pessoas de um modo geral souberem ouvir e aprender
com seu Professor, felizmente a vida sorrirá para elas sem ter que
reprová-las, tampouco a escola. O bom professor é aquele que ajuda
a por ordem à vida de seus alunos, formando não guias, mas
verdadeiros líderes. É lamentável perceber que grande parte das
pessoas não foi bem sucedida na vida porque não ouviu seus
professores. Nesse sentido, o professor é o nosso maior conselheiro.
Um pai. Um amigo. Um confidente. Um irmão. Jamais um fardo a ser
tolerado, mas um ser apaixonado pela vida que merece ser celebrado.
No entanto, o aluno saberá a quem deve ouvir. Ele consigo mesmo
saberá. Só ele saberá quem, de fato, o ensinará muito melhor do
que todas as desventuras da vida, o professor. Este, sim, lhe
mostrará uma verdade magnífica: A vida é uma aprendizagem. Sempre
precisamos aprender com ela, porém o Professor tem o dom maravilhoso
de se antecipar a ela e mostrar a seus alunos, em meio a pior das
concorrências, que é possível ser feliz. Sem dúvida, o Professor
tem a vocação de Deus para ser um Profeta, semelhantemente ao
último nascido de mulher, segundo as palavras de Jesus Cristo, João
Batista que clamava em pleno deserto a vinda salvadora do Messias, o
filho de Deus. Como este Profeta, o Professor tem a graça feliz de,
neste dia, anunciar para todos que só é possível redimir a
sociedade dos políticos corruptos pela educação. O professor é a
voz dos que tem fome e sede de justiça. É o professor quem acredita
que a educação transforma vidas, que a educação não perde vidas,
mas as encontra e as ensina como viver diferente,com sucesso e
dignamente.
As adversidades da vida – Quer sejam os concursos, quer sejam as
perdas, quer sejam as decepções ou até mesmo as doenças – não
poderão ser mais fortes do que as ideias que construímos e
reconstruimos, fazemos e refazemos, criamos e recriamos e, depois,
compartilhamos com nossos professores a partir dos livros didáticos
e das experiências adquiridas. Possivelmente, os professores nos
ensinam muito mais do que a vida, uma vez que nos ensinam com, por,
da e para a vida. Daí, os professores serem parte significativa e
indispensável de crescimento e prosperidade para uma sociedade que
se perde num mar profundo de consumo e ambição, o contraponto
necessário de discussão dos problemas que precisam ser revistos.
Só mesmo os Professores para nos ensinar a olhar diferente! Eles
nos ajudam a arrumar a cabeça, a escolher melhor, a sair das ciladas
da vida e a rever valores através da Educação. Eles, só eles
preservam e zelam pela ideia de que a Educação é a base da
sociedade.
Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em
Metafísica
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