Embrenhar-se num tema como esse, exige-se uma impostação no conjunto complexo da Teologia, mas com bases filosóficas.
É preciso escrever o “status questiones”, qua a questão em jogo? Qual o problema aí contido como diria Pitágoras.
A Bíblia, por si mesma, em inúmeros textos, tanto nos Evangelhos quanto nas Cartas do Apóstolo Paulo, bem como no Livro dos Hebreus, resgata a clareza e a beleza no que diz respeito à Teologia fundamental. É extraordinária a forma como a fé vem apresentada nesses textos. Esplêndido!
Círculos concêntricos, já na introdução do Evangelho de João quando anuncia que o Verbo se faz carne. A síntese da fé e da razão numa pessoa, Jesus Cristo. Voltas e mais voltas são dadas ainda mais no tocante à fé cristã quando da preocupação do Apóstolo Paulo em exortar as suas comunidades, sobretudo a comunidade de Filipos. A subida e a descida do segundo capítulo de Filipenses é de tirar o fôlego. Jesus, o Filho de Deus, é desfigurado, feito tapete, humilhando-se até a morte de Cruz, e só depois é exaltado, sobrexaltado, hiperexaltado, pondo-se acima de todo nome porque é o próprio poder sendo coroado de Glória e Majestade.
A Teologia cristã tem um princípio pressuposto absoluto. A Teologia tem um fundamento dado uma vez por todas: “A Escritura é Sagrada”.
Qual a relação entre fé e razão? Como posso chegar a crer que Jesus é Filho de Deus, embora sendo homem? Como crer no Mistério da Encarnação?
O problema posto no início dessa nossa conversa desdobra-se até o Séc. XIV, finzinho da Idade Média, com o NOMINALISMO(corrente filosófica que reduz a verdade das questões a nomes, a vozes recheadas de ar, “flactus voces”) e com um reformador protestante, Martinho Lutero que, mesmo não conhecendo uma Filosofia Escolástica Clássica, faz duras críticas a realidade dos sacramentos na Igreja católica, bem como a forma que são administrados tais sacramentos, afirmando a ineficácia deles para com a natureza humana uma vez que permanece perversa e pecadora. Segundo ele, só a esperança da santificação é a segurança da natureza humana. “Sola gratia”(só a graça). “Sola fidei”(só a fé). Enfatiza a Carta de Paulo aos Romanos 5. 20: “Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça”.
Futuramente, este problema irá desembocar-se numa outra elaboração filosófica mais acirrada que são as vertentes modernas do marxismo e do liberalismo. O marxismo que postula um princípio ordenador da natureza humana, da inteligência, é a luta de classes acompanhada do capital, um dado puramente material. Por outro lado, o Liberalismo encorpando uma proposta de Modelo Único para todas as culturas. No entanto, a Filosofia não tem um princípio ordenador absoluto, pois ela questiona e discute todos os campos do saber, todas as coisas. É o saber desinteressado, é o saber pelo saber que visa ao autêntico esclarecimento da realidade.
Onde está a Filosofia hoje?
Com o nominalismo não se pode atingir a realidade, a verdade. Tudo é mera discussão. A ontologia foi destruída da Filosofia em tempos de uma exploração do corpo, dos instintos sexuais com o freudianismo e com o relativismo.
A Filosofia tem genitivos restritos do ser pensante. O questionar se restringe a setores e a Sagrada Escritura contribui para guardar o sentido original da Filosofia como saber metafísico de todas as áreas de conhecimento. A Filosofia não é uma ciência, mas um questionar único e absoluto. A ética não tem sentido senão houver uma ontologia.
A razão humana precisa da fé para ela ser plenamente razão. Esta é paraplégica senão se abre à fé. A fé é mutilada sem a razão. Ela precisa intrinsecamente da razão.
Como a razão pensante crítica do ser humano precisa da fé? Em dois níveis: No nível da experiência cotidiana, a vida humana é em si uma mutilação substancial senão se abrir à confiança, ao amor, à amizade; No nível da Filosofia crítica sistemática, em última instância, pergunta-se: Qual o sentido último da criatura humana? O fio condutor aqui é o Motor imóvel de Aristóteles.
A religião cristã é superior a qualquer uma outra porque é um evento, Jesus Cristo. Daí, João chamar os milagres de “sinais”.
A fé precisa da razão em três níveis: Pela fé em Jesus ser responsável deve ser questionável. Um exemplo disso é o cego de nascença. Abre-se assim a possibilidade para a fé ser mais pura. É importante considerar que na fé cristã, Deus não se revelou como Motor Imóvel, isso é apenas abstração. Toda a verdade Revelada vira, transforma o meu ser. Não é uma abstração. Na Teologia, o mais objetivo é o mais subjetivo, conforme Karl Rhaner. A fé, por si mesma, tem a necessidade de saber mais. Ela apela a uma releitura.
A fé tem suas verdades básicas, mas por uma verdade da fé Jesus se explicita. “O Pai e eu somos um”(Jo. 22.30). A razão me ajuda a penetrar nisso. A razão não traz outra verdade, mas visa explicitar, clarificar. Deus de Deus, luz da luz. Assim como Pitágoras, a Filosofia não me leva a mais do que isto: “Eu sou o amante da sabedoria”.




Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.
www.twitter.com/filoflorania
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Por toda a minha vida,
Senhor te louvarei,
Pois meu fôlego é a tua vida,
E nunca me cansarei
Posso ouvir a tua voz,
É mais doce do que o mel,
Que me tira dessa cova e me
Leva até o céu

Já vi fogo e terremotos,
Vento forte que passou,
Já vivi tantos perigos,
Mas tua voz me acalmou,
Tu dás ordens às estrelas,
E ao mar os limites,
Eu me sinto tão seguro,
No teu colo, oh! Altíssimo.

Não há ferrolhos, nem portas
Que se fechem diante da tua voz
Não há doenças, nem culpa
Que fiquem de pé diante de nós
E a tempestade se acalma
Na voz daquele que tudo criou
Pois sua palavra é pura
Escudo para os que nele crêem.
(A voz da Verdade)


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