(Ilustração: Família Simpsons. Homer, alcoólatra e burro, vive querendo ser demitido do emprego; Marge, uma Amélia, dona de casa que vive para a família, tentando levar o marido para igreja e os filhos para a escola; Lisa, a filha modelo; Barth, o oposto de Lisa; Mag, nem fala nem anda, apenas com sua chupeta na boca).

A família, nos últimos tempos, tem sido a mais responsável por críticas quando o assunto é a inversão de valores na sociedade moderna, no entanto, uma voz alardeou o contrário numa entrevista super importante dada à Revista Veja, em outubro de 2008. Esta voz, que ecoa no deserto de uma família dita “falida”, pela ausência da figura ou da autoridade do pai, é a de Luc Ferry, ex-Ministro da Educação na França de 2002 a 2004, filósofo e escritor renomado pela obra “Aprender a Viver” que se tornou best-seller no mundo inteiro.

Atualmente, Luc Ferry, com uma nova obra, vem arrancando suspiros de seus leitores, “Família, Amo vocês”. Nela o autor afirma que “a família é a única entidade realmente sagrada na sociedade moderna, aquela pela qual todos nós, ocidentais, aceitaríamos morrer, se preciso. Os únicos seres pelos quais arriscaríamos a vida no mundo de hoje são aqueles mais próximos de nós: a família, os amigos e, em um número bem menor, pessoas mais distantes que nos causam grande comoção”. Diz ainda o próprio Ferry: “No século XX, o ser humano virou sagrado”.

É por baixo, no mínimo, uma visão um tanto revolucionária. Tal visão vai de encontro a todos os clichês argumentativos sobre a família e sua contribuição para a sociedade, no que diz respeito à construção e revisão de valores, a importância e sentido da família, a instituição do casamento, a prioridade do trabalho, a preocupação com o dinheiro, a necessidade da Religião para famílias e jovens e até mesmo o uso de drogas lícitas e ilícitas que acabam afetando a vida de pais e filhos, esposos e esposas em suas dinâmicas e conflitos familiares.

Ao contrário do que afirma Luc Ferry, a crise na Educação brasileira, o alto índice de dependentes químicos no seio da família, o alcoolismo marcadamente presente na maioria dos casos de conflitos familiares, uma orientação sexual desordenada, infidelidade no matrimônio, uma busca desmedida pelo prazer, famílias inteiras divididas ou fragmentadas pela violência, com pais sem compromissos pelo amor e pela educação dos filhos, bem como o não monitoramento do comportamento dos filhos por meio do diálogo e do relacionamento amoroso são fatores que, inevitavelmente, refletem o descaso para com esta instituição que é o alicerce de uma sociedade que se espera feliz e imune à violência ou a qualquer tipo de exclusão social.

Tudo isso, na minha opinião, apresenta muito mais uma família dessacralizada do que sagrada. Agora, é óbvio que para ser dessacralizada, antes deve-se admitir sagrada.

Mas, não é tão simplista assim o enxergar de Ferry acerca da família, visto que, para ele, a família é a única coisa que resta de sagrado no mundo. Segundo ele, Há vários argumentos que desmentem os clichês hoje propagados sobre o declínio do casamento e o fim da família nuclear. A família na Idade Média era muito mais dividida do que hoje. Havia muito mais pais e mães sozinhos cuidando de seus filhos. Por causa da elevada taxa de mortalidade, as pessoas se casavam mais vezes e tinham mais filhos com outros parceiros. Quem alardeia o declínio da instituição familiar esquece que o divórcio foi inventado junto com o casamento por amor. A partir do momento em que a união entre duas pessoas se ampara apenas na lógica do sentimento, basta que o amor se apague para que outro amor se imponha. A família burguesa é aparentemente estável, mas na maioria dos casos está carcomida por infelicidades. Ela é inseparável de outra instituição: a infidelidade. Muitas mulheres sacrificam a profissão e, em seguida, a vida afetiva por um marido que as engana”.

Portanto, de uma forma ou de outra, a família carrega consigo o apelo de uma geração mais consistente e menos infeliz que lhes assegure saúde, segurança, educação, lazer, qualidade de vida, enfim... Somente a instituição familiar poderá injetar novas energias a uma sociedade altamente promíscua, consumista e desumanizadora, até porque a família é a fonte natural de “energia renovável” nos seus afetos, no amor e no bem querer. Precisamos pulverizar tudo isso pelo mundo a fora, a partir da família, do resgate à família em todos os seus aspectos.


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

Licenciado em Filosofia pela UERN e

Especialista em Metafísica pela UFRN


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O que fazer para desconversar algo que pode nos afetar emocionalmente? O que respondemos quando ouvimos algumas perguntas cujas respostas poderão constranger as pessoas ou até mesmo envergonhá-las? Eis algumas questões delicadas para nossa reflexão. Não seria melhor dissimular algumas verdades para o bem da convivência social, para a saúde emocional e para a ética!?

A dissimulação nos círculos de conversas nem sempre é o mais desejável, visto que ficamos com a resposta engasgada, temendo às vezes incomodar a paz do outro com uma verdade mal colocada. Quando o assunto é irritante, a resposta vem de imediato com palavras as mais violentas possíveis. Palavras estas carregadas de raiva podem ferir sem piedade nossos oponentes, bem como expressões cheias de verdades que os constrange, que os envergonha, de modo que a prudência é o melhor caminho nessas horas. Manter a serenidade; escolher bem as palavras; pesar cuidadosamente cada termo pode ser a saída mais sábia que merecidamente não trarão piores consequências para os espíritos comoventes e sensíveis.

É óbvio que não há só espíritos dessa natureza, no entanto, para estes, requer de quando em quando não economizar as dissimulações. Vejo aqui a dissimulação não como uma fuga do assunto em vigor, tampouco uma simples saída de retirada, porém uma estratégia sábia e interessante para amenizar os ânimos exaltados acerca dos problemas delicados do dia a dia.

Preservar as amizades e a saudável convivência social por meio de dissimulações parece-me também, razoavelmente, uma atitude inteligente, na medida em que preservamos nossa integridade e simultaneamente a do outro, do ponto de vista ético, emocional e pessoal.

Gostaria de me fazer entender um pouco mais aqui, se possível, pensando o termo “dissimulação” como indiferença, apatia, imparcialidade e autodomínio em relação a tudo que possa nos afetar negativa e injustamente.

Há um texto do filósofo alemão Heidegger, um dos baluartes da fenomenologia, que escreve sobre a dissimulação a partir da ontologia da verdade. A dissimulação teria uma relação com o “deixar-ser desvelador”. Uma espécie de não-verdade original ou, como segue Heidegger ao dizer: O velamento do ente em sua totalidade”. De fato, como alude este filósofo, a dissimulação dá brechas ao “mistério” que é a dissimulação do que está velado. (Cf. HEIDEGGER. Sobre a Essência da Verdade. Col. Os Pensadores. São Paulo. Nova Cultural, 1991. p. 131).

Todavia, parece-me que aproveito a ideia de dissimulação em Heidegger para forçar um pouco a aproximação psicológica e ética que muitas vezes emana de nós, seja em discussões de ordem familiar, religiosa ou política que de algum modo mexem com nossas emoções provocando as mais diversas reações de raiva, ódio, alteração da voz, alteração do humor, etc...

Certamente, esta não é a ideia exata de Heidegger ao falar da dissimulação, mas não nos custa ouvir o que ele nos diz um pouco mais sobre o assunto. Pois, enquanto não-verdade que domina o homem e o ser-aí, o filósofo afirma a dissimulação: “Nada menos que a dissimulação do ente como tal, velado em sua totalidade, isto é, o mistério. Não se trata absolutamente de um mistério particular referente a isto ou àquilo, mas deste fato único que o mistério – a dissimulação do que está velado – como tal domina o ser-aí do homem”(Ibidem).

Portanto, não há mal algum para os que hão de dissimular sempre que necessário ao bom senso, haja vista que “até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por sábio”(Pv. 17.28).


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

Licenciado em Filosofia pela UERN e

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