Gratuita porque é dom de Deus com a possibilidade dada a cada um de salvação, de conhecimento mútuo entre Deus e o homem. Inesperada porque não se enquadra à categoria de “justiça” por parte do homem, mas a da “justificação” em Cristo como Mistério, como doação por todos, pois a graça foge da previsibilidade humana, limitada e racional, de fato, a graça contradiz a razão, mas não a desconsidera. É incompreensível devido ao amor ser transcendente, capaz de ultrapassar qualquer ato limite do homem, que não pode esgotar o mistério. Aqui entra a categoria “equivocidade”.

Pontos chaves da Teologia da Graça no Antigo Testamento:
bêrit – aliança (pacto entre iguais)
Promessa – doação
Misericórdia – A doação diante do pecado do homem. Deus age livremente em relação ao homem que implica numa relação interpessoal.
Perdão – Denuncia-se uma lógica de comportamento
Ex 34.6: Javé, Deus clemente e misericordioso, generoso, grande na benevolência e na fidelidade.

A doutrina paulina da Graça:
A Teologia paulina é toda permeada pela experiência soteriológica. Paulo tem uma experiência vocaional na graça de Deus, que lhe torna visível a salvação(Gl 5.5) – Conversão(Rm 3.24). A redenção, o mistério de Cristo é o ponto chave do anúncio de Paulo como escândalo para os judeus e loucura para os pagãos quando fala aos Coríntios. O evento Cristo é sinal também de CONVERSÃO.

O Antigo Testamento e a perspectiva escatológica da Graça:
A Escatologia não é vista com sentido apenas de futuro, mas de participação e de esperança para todos, e não só para um povo. Escatologia está relacionada com pneuma em João. É o Espírito da verdade revelada que se manifesta aos nossos incrédulos. O Espírito envolve toda a obra da salvação, de Adão passando por Abraão, Cristo e até hoje... A vida em Cristo como Filho de Deus não herdado do trono de Davi, mas como reflexo da vontade do Pai, é a possibilidade ou o canal da experiência sempre nova em Deus. Deus aqui não é o da ternura de uma mãe como no AT, mas é o da Misericórdia e o da novidade do Evento Cristo capaz de salvar a todos permanentemente, para sempre. Por isso, a esperança e a participação assídua no Mistério de Cristo é fonte inesgotável de graça e salvação. O caráter universal da graça supera o nomos(lei).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva.


Qual foi a contribuição da “Nouvelle Theologie” nos anos 40?

A “Nouvelle Theologie” trata exatamente do binômio graça e natureza, retomando o amplo sentido de debate sobre os dois planos na perspectiva de que a Natureza(todo o ser) é originária e vocacionada à graça como dom divino. E apesar do valor “ecumênico que procuram dar a esses dois planos de debate, a graça continua consistente emades seus aspectos ou características fundamentais: individual, gratuita e não empírica.

Em que sentido os anos 70 contribuíram para uma mudança de perspectiva no panorama teológico da graça?

Os anos setenta se evidenciam na história como sendo a época da crítica religiosa, do secularismo e das relações sociais em muitos ou diversos ambientes culturais. Toda essa gama de extremismos conceituais fizeram com que a Teologia da graça tomasse um rumo cada vez mais antropológico.

Uma perspectiva psicológica da graça de Deus:

Esta afirma que a graça é o marco da vida psíquica do homem. Utiliza-se de categorias psicológicas, concretas e sensíveis para elaborar a relação fundamental entre Deus e homem na história da salvação. Termos como graça, liberdade, justiça e salvação vão perpassar por todas as necessidades do entendimento humano. Desde a liberdade perdida em Adão e reconquistada com Cristo que a Natureza decai diante das exigências de Deus. A liberdade, a justiça e a justificação, em relação as atitudes ou comportamentos do homem na Sagrada Escritura são uma sequência lógica da percepção e da reação da Natureza no encontro com a graça. A natureza da graça se manifesta na natureza mesma do homem. Agostinho de Hipona trabalha muito bem este aspecto da graça na intimidade do ser humano. E Tomás de Aquino conduz a relação de “Natura” e graça, tomando como pano de fundo o aspecto da subsistência/sustentação ou substrato(categorias aristotélicas) da Natureza à própria graça. A graça é pois a sustentação do “ser” com todos os seus estímulos racionais; vontade – inteligência – liberdade. Não se deve reduzir esta perspectiva em relação às outras que são as considerações metafísicas e personalistas em torno do dom divino, pois, acima de qualquer consideração, está o mistério de Deus. O homem é sempre iluminado, atraído e recriado por esse dom divino maravilhoso.

Prof.: Jackislandy Meira de Medeiros Silva.


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