O senso de humor é uma das qualidades mais admiradas numa pessoa, desde que seja natural e sincero, autêntico, como uma marca registrada talvez. Tudo se transfigura quando existe alguém bem-humorado no ambiente. O bom humor e uma brincadeira agradável são suficientes para quebrar o gelo de um ambiente frio e sem graça. A pessoa bem-humorada é uma força da natureza que entretém e irradia de alegria quem quer que seja, onde esteja. Não se trata de estar rindo à toa fingindo simpatia ou fazendo a política da boa vizinhança, mas viver naturalmente essa experiência de humor, de modo que seja uma sinergia entre você e todos à sua volta. Quando isso acontece, sua presença enche de luz todo o ambiente e contagia a todos. E a verdade seja dita: É insuportável tolerar um ambiente sem humor, sem graça, sem risos e boas gargalhadas, sem vida. Dizendo isso, como não lembrar do pensamento de Charles Chaplin: “Um dia sem riso é um dia perdido”. Não foi essa incrível sensação de humor que contagiou o Apóstolo Paulo na Prisão?! O Apóstolo, em meio a um caldeirão de adversidade por que passava, fruto da terrível perseguição que o Império Romano impôs aos cristãos, agradece a Deus pela diversão e recreação que recebeu de Onesíforo na prisão: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se envergonhou das minhas cadeias”(2Tm 1.16).
Vejam a realidade: a indignação pelo clima de impunidade que se espalha na política brasileira; a indisposição de grande parte dos políticos, senão todos, em fazer valer a justiça social e coletiva; os ambientes públicos carregados de injustiças, perseguições políticas e corrupção; relações pessoais que não se acertam; casamentos cheios de problemas que se arrastam sem diálogo; amizades frias com inúmeros interesses; empregos rígidos e burocráticos; lideranças cansadas; chefes chatos; problemas econômicos; dívidas; problemas de saúde; a rotina; baixos salários; desemprego... O que seria de nós sem um pouco de humor? Vinícius de Morais, numa de suas canções, nos diz afirmativamente: “Ponha um pouco de humor na sua vida!”. E continua: “É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe”. O bom humor é uma das saídas sábias da vida, além do que acrescenta leveza em vez de rigidez; alegria em vez de seriedade demais; graça em vez de ignorância; paz em vez de truculência.
Nada melhor do que uma boa dosagem de humor em nosso dia a dia. Fico pensando o que seria de nós sem uma pitada de bom humor no trabalho, em casa ou até mesmo entre os amigos. Estaríamos todos fadados à burocracia da vida. Sim, a vida também, assim como o trabalho, pode ser levada com muita burocracia, chegando a ser insuportável às vezes, mas com muito humor o que é pesado torna-se leve, o que dá enfado torna-se agradável. O humor traz de volta o encanto e a beleza que os infortúnios da vida fizeram questão de sucumbir. Por mais difíceis que sejam as circunstâncias do momento, não há nada que justifique a ausência de bom humor para contornar ou superar todas elas.
Um filósofo clássico que viveu por volta do séc IV a.C. expressou sua indignação pelo riso. O senso de humor é a marca registrada desse filósofo, pois admitia que o riso torna o homem sábio. Conta a tradição que ria de tudo e dava grandes gargalhadas, o que não diminuía em nada a importância de suas pesquisas filosóficas ao ponto de desafiar o próprio Platão. Tenho a impressão de que Demócrito com o seu bom humor tenha nos levado à sabedoria, mas seus estudos da sensação nos levou à Aristóteles.

Prof.: Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica



Embrenhar-se num tema como esse, exige-se uma impostação no conjunto complexo da Teologia, mas com bases filosóficas.
É preciso escrever o “status questiones”, qua a questão em jogo? Qual o problema aí contido como diria Pitágoras.
A Bíblia, por si mesma, em inúmeros textos, tanto nos Evangelhos quanto nas Cartas do Apóstolo Paulo, bem como no Livro dos Hebreus, resgata a clareza e a beleza no que diz respeito à Teologia fundamental. É extraordinária a forma como a fé vem apresentada nesses textos. Esplêndido!
Círculos concêntricos, já na introdução do Evangelho de João quando anuncia que o Verbo se faz carne. A síntese da fé e da razão numa pessoa, Jesus Cristo. Voltas e mais voltas são dadas ainda mais no tocante à fé cristã quando da preocupação do Apóstolo Paulo em exortar as suas comunidades, sobretudo a comunidade de Filipos. A subida e a descida do segundo capítulo de Filipenses é de tirar o fôlego. Jesus, o Filho de Deus, é desfigurado, feito tapete, humilhando-se até a morte de Cruz, e só depois é exaltado, sobrexaltado, hiperexaltado, pondo-se acima de todo nome porque é o próprio poder sendo coroado de Glória e Majestade.
A Teologia cristã tem um princípio pressuposto absoluto. A Teologia tem um fundamento dado uma vez por todas: “A Escritura é Sagrada”.
Qual a relação entre fé e razão? Como posso chegar a crer que Jesus é Filho de Deus, embora sendo homem? Como crer no Mistério da Encarnação?
O problema posto no início dessa nossa conversa desdobra-se até o Séc. XIV, finzinho da Idade Média, com o NOMINALISMO(corrente filosófica que reduz a verdade das questões a nomes, a vozes recheadas de ar, “flactus voces”) e com um reformador protestante, Martinho Lutero que, mesmo não conhecendo uma Filosofia Escolástica Clássica, faz duras críticas a realidade dos sacramentos na Igreja católica, bem como a forma que são administrados tais sacramentos, afirmando a ineficácia deles para com a natureza humana uma vez que permanece perversa e pecadora. Segundo ele, só a esperança da santificação é a segurança da natureza humana. “Sola gratia”(só a graça). “Sola fidei”(só a fé). Enfatiza a Carta de Paulo aos Romanos 5. 20: “Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça”.
Futuramente, este problema irá desembocar-se numa outra elaboração filosófica mais acirrada que são as vertentes modernas do marxismo e do liberalismo. O marxismo que postula um princípio ordenador da natureza humana, da inteligência, é a luta de classes acompanhada do capital, um dado puramente material. Por outro lado, o Liberalismo encorpando uma proposta de Modelo Único para todas as culturas. No entanto, a Filosofia não tem um princípio ordenador absoluto, pois ela questiona e discute todos os campos do saber, todas as coisas. É o saber desinteressado, é o saber pelo saber que visa ao autêntico esclarecimento da realidade.
Onde está a Filosofia hoje?
Com o nominalismo não se pode atingir a realidade, a verdade. Tudo é mera discussão. A ontologia foi destruída da Filosofia em tempos de uma exploração do corpo, dos instintos sexuais com o freudianismo e com o relativismo.
A Filosofia tem genitivos restritos do ser pensante. O questionar se restringe a setores e a Sagrada Escritura contribui para guardar o sentido original da Filosofia como saber metafísico de todas as áreas de conhecimento. A Filosofia não é uma ciência, mas um questionar único e absoluto. A ética não tem sentido senão houver uma ontologia.
A razão humana precisa da fé para ela ser plenamente razão. Esta é paraplégica senão se abre à fé. A fé é mutilada sem a razão. Ela precisa intrinsecamente da razão.
Como a razão pensante crítica do ser humano precisa da fé? Em dois níveis: No nível da experiência cotidiana, a vida humana é em si uma mutilação substancial senão se abrir à confiança, ao amor, à amizade; No nível da Filosofia crítica sistemática, em última instância, pergunta-se: Qual o sentido último da criatura humana? O fio condutor aqui é o Motor imóvel de Aristóteles.
A religião cristã é superior a qualquer uma outra porque é um evento, Jesus Cristo. Daí, João chamar os milagres de “sinais”.
A fé precisa da razão em três níveis: Pela fé em Jesus ser responsável deve ser questionável. Um exemplo disso é o cego de nascença. Abre-se assim a possibilidade para a fé ser mais pura. É importante considerar que na fé cristã, Deus não se revelou como Motor Imóvel, isso é apenas abstração. Toda a verdade Revelada vira, transforma o meu ser. Não é uma abstração. Na Teologia, o mais objetivo é o mais subjetivo, conforme Karl Rhaner. A fé, por si mesma, tem a necessidade de saber mais. Ela apela a uma releitura.
A fé tem suas verdades básicas, mas por uma verdade da fé Jesus se explicita. “O Pai e eu somos um”(Jo. 22.30). A razão me ajuda a penetrar nisso. A razão não traz outra verdade, mas visa explicitar, clarificar. Deus de Deus, luz da luz. Assim como Pitágoras, a Filosofia não me leva a mais do que isto: “Eu sou o amante da sabedoria”.




Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.
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