Repare bem cautelosamente se você já se viu em alguém. Pode ser alguém da família, seus pares ou membros de um grupo; alguém com quem você desenvolveu seus afetos, sua intimidade, cuja reciprocidade fora aumentando pouco a pouco até não parar mais. Geralmente, além de pessoas, nos identificamos também com lugares, profissões, estudos. Mas, os que marcam mesmo nossas vidas, a bem da verdade, são nossos pais, irmãos, tios, tias e avós, sem desmerecer, claro, a descoberta de um amigo ou de uma pessoa amada.

Ver-se em alguém é identificar-se com este alguém, ultrapassando os limites da aparência. Via de regra, a aparência da identidade está fixa e inerte em registros de identidade, onde cada qual apenas estampa no papel sua face para fins burocráticos e sociais. A identidade não é simplesmente um documento de papel que carrega sua impressão digital e foto, bem como o nome bastante apresentável, aprisionada numa carteira ao bolso, senão guardada e abandonada em gavetas ou pastas.

Perder a identidade para a cultura grega significa perder a vida, equivale a estar realmente morto: “Para os gregos, o que caracteriza a morte é a perda da identidade. Os mortos são, antes de mais nada, sem-nome ou mesmo sem-rosto. Todos que deixam a vida se tornam anônimos, perdem a individualidade.(...) É essa despersonalização que caracteriza a morte aos olhos dos gregos(...)”(In FERRY, Luc. A sabedoria dos mitos gregos. Aprender a viver II. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p. 145).

Descobrir seu eu no mundo, seu lugar no tempo/espaço da história é ver-se na mais translúcida imagem de sua subjetividade; é descobrir-se para si mesmo e habitar um mundo possível, crescente, dinâmico e infinito, movido pelo despertar semelhante ao do filho de Ulisses, Telêmaco, quando da sua busca incessante por notícias do pai que estava a vaguear pelo mundo, perdido e com saudades de casa.

As primeiras quatro partes ou capítulos da clássica obra de Homero, a Odisseia, revelam essa busca incansável do jovem pela confirmação dos belos feitos do seu pai, rei de Ítaca. A saída de Telêmaco da ilha ao encontro do pai representa sua saída ao encontro de si mesmo. Assim como Telêmaco, um homem precisa de aventuras ou precisa satisfazer o desejo da maravilha, da curiosidade de querer ver as coisas para forjar, no sofrimento e na nostalgia de casa, a personalidade, construir o caráter e, definitivamente, encontrar seu lugar mundo, quem você é e por que está aqui.

Todos temos uma identidade, quando sufocada e presa, grita de dentro de nós. É o grito da alma humana pelo reconhecimento de sua própria identidade.

Como não acenar aqui para a tão reconhecida obra de Milan Kundera, a identidade, em que Chantal, personagem central da trama, reclama repetidamente por identidade quando pensa: “Vivo num mundo onde os homens nunca mais irão se virar para olhar para mim”. Só que, ao saber quem, de fato, era Chantal, pouco antes de declarar que havia se enganado, Jean-Marc saboreia o prazer de olhar para ela e percebe que Chantal é o “seu único vínculo sentimental com o mundo”, pois “só ela, e mais ninguém, o liberta de sua indiferença. Só por intermédio dela é capaz de se compadecer”. Acordada de seu sonho, pelo “grito” de Jean-Marc, a bela Chantal não quer perder de vista a identidade de seu amor: “Não vou mais tirar os olhos de você. Vou olhar para você sem parar”.


Prof. Jackislandy Meira de M. Silva

Especialista em Metafísica, Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Pós-graduando em Estudos Clássicos pela UNB e Archai Unesco.







As escolas e outros espaços públicos de manifestação popular e de discussão de ideias deviam saber lidar muito mais com as discordâncias. É lamentável conversar com alguém que não aprendeu ainda a aceitar controvérsias, críticas e coisas do gênero. Tem muita gente boa indo e vindo em gabinetes de repartições públicas; assumindo cargos de gerência; dirigindo escolas; lecionando em Universidades; pregando em púlpitos de igrejas; ou legislando os municípios; e até gerindo o executivo das cidades... Gente de todo e qualquer tipo que precisa urgentemente de uma lição de filosofia, a discordância!
Se fôssemos mais flexíveis com as discordâncias, logo destruiríamos a soberba de que somos os donos da verdade e de que ninguém sabe mais do que nós. Não deveria ser tão estranho alguém discordar de nós, até porque ninguém é obrigado a concordar com tudo nem com todos. Ainda bem que o concordar é relativo à força da persuasão! Há de se convencer alguém a concordar com você, e isso não é tão simples assim. Posso até conviver com você, mas nunca estou obrigado a concordar com seus pensamentos.
Volta e meia, algumas pessoas se aproximam de nós – pelo menos eu já passei por experiência parecida – para dar uma opinião esperando apenas uma confirmação positiva acerca do assunto. Ou seja, o desejo de autoafirmação das pessoas é tão forte que o diálogo crítico e autêntico acaba se banalizando ou mesmo ficando em segundo plano. Muitas vezes, sufocamos o diálogo em virtude de uma acomodação simples e passiva às opiniões alheias, quando, na verdade, segundo Paulo Freire, o diálogo “é uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade (Jaspers). Nutre-se de amor, de humanidade, de esperança, de fé, de confiança. Por isso, somente o diálogo comunica. E quando os dois pólos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé no próximo, se fazem críticos na procura de algo e se produz uma relação de 'empatia' entre ambos”(FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12ª ed. São Paulo: Paz e Terra, p. 39).
Conversar sobre futebol, novelas, religião, política, família e etc implica em temas que dividem a opinião da maior parte das pessoas. Muitas não têm argumentos plausíveis que fundamentem seus pontos de vista e acabam forçando os seus ouvintes a admitir, por bem da amizade, que estão certas. Mas é um equívoco e uma ilusão acharmos que preservamos nossas amizades ao não contra-argumentarmos a favor da verdade ou da riqueza de outros olhares. A minha visão é apenas uma em meio a outras tantas! Abrir-se ao novo é uma experiência irrenunciável!
Somente uma educação com base na ironia socrática ou na humildade pode nos levar a descobrir o valor das discordâncias. Discordar eleva a discussão ao grau de maturidade intelectual em que ambos estão suscetíveis a mudar de opinião. Discordar, com isso, tira o ranço de autoridade que há no diálogo entre duas pessoas que se dizem civilizadas. Discordar fortalece os argumentos que se pretendem afirmar. Discordar nos permite ir além do óbvio. Discordar põe à prova algumas verdades estabelecidas. Discordar quebra o gelo num grupo, numa palestra chata ou numa reunião burocrática. Discordar é também saber aceitar as discordâncias e contradições no seu discurso, até porque ninguém está totalmente certo nem totalmente errado. Aliás, quando discordamos, aprendemos que não somos suficientes, e sim necessários.
Aceitar, superar ou vencer as discordâncias é a meta de todo educador, pois é impossível continuar crescendo sem saber da sua incompletude, de que nunca se estará pronto. Educa-se educando, numa troca infinita de ideias que não se acabarão. “A educação crítica considera os homens como seres em devir, como seres inacabados, incompletos em uma realidade igualmente inacabada e juntamente com ela. Por oposição a outros animais, que são inacabados mas não históricos, os homens sabem-se incompletos. Os homens têm consciência de que são incompletos, e assim, nesse estar inacabados e na consciência que disso têm, encontram-se as raízes mesmas da educação como fenômeno puramente humano. O caráter inacabado dos homens e o caráter evolutivo da realidade exigem que a educação seja 'uma atividade contínua'. A educação é, deste modo, continuamente refeita pela práxis”(FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Morais, 1979, p. 42).
É essa sensação de inacabamento que resulta das discordâncias. Daí, ser elas tão importantes para a transformação dos valores e do modo como é visto o mundo, do modo como se contam as histórias, do modo como se falam novas coisas. Discordar, minha gente, não é ofender ninguém, mas falar de um outro modo o que ninguém, talvez, tenha falado, permitir-se ao risco de pensar novamente o que já foi pensado.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Especialista em Metafísica, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia



O renomado jornalista Potiguar, Vicente Serejo, divulgou uma verdadeira “Bomba” que deve estremecer setores da Igreja Católica no Rio Grande do Norte. Em sua coluna no Jornal de Hoje – edição de terça feira passada – ele afirmou que existe um grupo de 32 padres e 4 diáconos atuando em paróquias do RN, articulando sacerdotes “HOMOSSEXUAIS”, ou não, a fim de fortalecer seus espaços.
Esse grupo intitulado de Nação apoiou a candidatura como legítima do prefeito de Jardim do Seridó Jocimar Dantas (PMDB).
Confira as notas publicadas na coluna de Vicente Serejo:


fonte: http://www.robsonpiresxerife.com/




18-cigarrosCom o objetivo de sensibilizar as pessoas que querem parar de fumar fornecendo informações e dicas para auxiliá-las nesse processo de cessação, a TV Globo exibirá de 13 de novembro a 11 de dezembro a série – "Brasil sem Cigarro", com apresentação do Dr. Dráuzio Varella, exibida no programa Fantástico. Para isso, a empresa solicitou parceria para a divulgação do programa nos estados. O programa será veiculado nos moldes da série exibida anteriormente - Medida Certa – com grandes eventos em algumas cidades e um reality show do acompanhamento de fumantes que querem parar de fumar;
Os eventos presenciais do quadro Brasil sem Cigarro serão em 10 Estados, sendo 2 Estados por final de semana (um no sábado e outro no domingo), para veiculação durante a série no programa Fantástico.
É importantíssimo que, mesmo as cidades que não foram contempladas com os eventos presenciais, e, principalmente as listadas (onde ocorrerão os eventos) estejam preparadas para um possível aumento de demanda para as unidades de tratamento do fumante.
Listagem das cidades e datas. Acreditamos que esta listagem seja a final, porém quaisquer alterações de datas e locais serão informados.
12/11 – Porto Alegre
13/11 – Rio de Janeiro
19/11 –Fortaleza
20/11 –Brasília
26/11- Manaus
27/11 – Goiânia
03/12- Belém
04/12-Belo Horizonte
10/12- Recife
11/12- São Paulo

Acesse: http://fantastico.globo.com/platb/brasil-sem-cigarro.
Enquanto a série Brasil Sem cigarro não começa, o Doutor Drauzio Varella sugere duas providências imediatas para quem quer parar de fumar. Ele explica que largar o cigarro é uma prova de resistência e força de vontade e que apesar de não ser fácil, muita gente já conseguiu.
Drauzio alerta que é preciso se preparar para largar o vício. "Corte pela metade o número de cigarros que você fuma. Cortar pela metade é completamente possível. Você pode fazer isso sem sofrer", incentiva o doutor.
A segunda dica é cortar o cigarro da manhã, logo depois do café: "Só acenda o primeiro cigarro duas horas depois do café. Dá pra aguentar, passa depressa".

NOTA: Se você conhece alguma pessoa que deseja parar de fumar e tem essa dificuldade indique esta série que começará dia 6 de novembro no programa Fantástico - Rede Globo. Lembre-se, a série será abordado por um especialista, um médico conceituado e que já passou por este vício durante 19 anos e conseguiu largar.










Tão logo me casei e mal me dei conta de que havia em companhia da minha esposa um cachorro mui amigo da família. Seu nome é Black(preto). Minha esposa cuidava dele desde seu nascimento, desde muito pequeno mesmo. Contava-me que, assim que nasceu, era a coisa mais fofa do mundo, uma espécie de bolinha bem peludinha. A vontade de qualquer pessoa que o via era só mesmo a de apalpar e cheirar. Todos queriam abraçá-lo, apertá-lo e fazer carinho nele, inclusive a família. O cachorro faz parte essencial da família. É um membro que integra, e ao passar o tempo, faz uma falta danada à família.
Blackinho, como o chamamos, já está conosco há 70 anos no tempo dele e há 10 anos na idade das contas da gente. É um animal espertíssimo que, além de proteger a casa e a família, alegra e contagia o ambiente em que estamos. Ele nos disciplina. Faz-nos entender que não existe só o nosso mundo, mas também o mundo dele. É impressionante, mas quando chega a hora de passear, seu relógio biológico não falha. Começa a latir, a pular em cima de nós, a cheirar, dando sinais de que está chamando para andar, pois está na hora. Seu relógio é mais sensível às necessidades do que o nosso. Queremos controlar tudo, até mesmo o nosso relógio biológico, imagine o de um cachorro! É aí que entra o aprendizado. Deixamos tudo e partimos para atender às necessidades do outro, no caso aqui, o meu companheiro de todas as horas, o meu estimado blackinho. Aprendemos a não ser tão egoístas.
É engraçado. Dizemos que somos um povo civilizado, educado, avançado e extremamente inteligente, mas esquecemos ou anestesiamos a consciência ética de que pertinho de nós tem vida animal circulando, até porque os animais, quer sejam gatos, cachorros, aves, etc, são indispensáveis para o equilíbrio ambiental. Se há animais em nosso meio é um ótimo sinal, pois as esferas de vida vegetativa, mineral e humana geralmente estão em boas condições de qualidade de vida. O ecossistema precisa da existência desses seres, que extinguimos, maltratamos e, muitas vezes ignoramos, para preservar os recursos naturais à nossa sobrevivência.
É lamentável, mas não entendemos nossos animais! Pouco, muito pouco sabemos a respeito dos animais, até que um dia passemos a criar algum ou alguns e logo mudemos nossa maneira, muitas vezes, de vê-los e aceitá-los em nosso convívio. Já perdi as contas dos gatos de estimação que criei, tratei e cuidei, tendo que amargar a dor de perdê-los por envenenamento, simplesmente porque pessoas não gostam, não aceitam, melhor dizendo, não entendem seus comportamentos. Animais morrem atropelados, são eliminados todos os dias com tiros e exterminados. Vocês sabiam que nós somos os únicos animais que matamos por maldade!?
Inúmeros fatos ocorrem frequentemente em nossas cidades, bairros e ruas, de pessoas que maltratam sem piedade os animais. Animais existem para ser protegidos, não sacrificados sem motivo algum, só porque vivem soltos na rua. Ora, se são sadios, se não ameaçam a vida de ninguém e são alimentados por moradores, qual a razão para sacrificá-los? Talvez, isso ocorra por falta de punição à altura do dano. As pessoas deveriam ser punidas por isso. Quantos de nós conhecem a Declaração Universal dos Direitos dos Animais pela UNESCO?
Quem chuta animais por bel-prazer ou joga pedras neles precisa rever suas ações e princípios. Os animais são criaturas de Deus e têm uma importância fundamental para o meio ambiente. Segundo a UNESCO, todos os animais têm o mesmo direito à vida; Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem; Nenhum animal dever ser maltratado e por aí vai...
Olhem que curioso, no Japão existe um restaurante com uma enorme e variada quantidade de gatos espalhados por todos os lados. Cada um de dar gosto de ver e de acariciar. Muito bonitos e bem cuidados. A maioria dos clientes que vai ao restaurante está interessada em se divertir e entreter-se com os felinos. Os bichinhos são mimosos, atenciosos e acalmam o pior dos clientes, que escolhem os gatos de sua preferência e pagam pelo serviço. A ideia do restaurante, diz o dono do negócio, é trazer bem-estar, tranquilidade e propor uma terapia natural aos clientes por meio dos pichanos, enquanto se servem dos deliciosos pratos da casa. Uma coisa é certa, tudo vem incluído na conta.
Estaria certo Platão ao afirmar que o homem nada mais é do que “um bípede sem penas”?!
Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica
Páginas na net:



Se observarmos bem, grande parte de nossa vida é sustentada por crenças(quase um ato de fé) ou atitudes injustificáveis. Inúmeras vezes durante os dias somos tomados pelo embalo de atitudes que dispensam explicações. Nós nos comportamos irracionalmente todos os dias com nossos pais, filhos, amigos e com uma porção de gente em quem acreditamos, sem dar explicações. Como se a vida exigisse de nós mais atos de confiança, de crenças, do que de razão. Nem tudo, minha gente, precisa ou reclama explicações. Na vida, raríssimas vezes necessitamos justificar nossas escolhas ou preferências. Há momentos na vida que não cabem justificativas e, por isso mesmo, ela flui com mais naturalidade.
Não tem cabimento querermos racionalizar tudo, até porque há mais arte na vida do que motivos para agir assim ou “assado”. O viver, inevitavelmente, me abre a possibilidade do inusitado, do inesperado e do inexplicável. Os comportamentos individuais ou coletivos estão impregnados de contradições racionais, o que demonstra mais ainda, por parte de nós, uma cadência no aceitar o outro como ele é. O campo de nossas escolhas no que diz respeito aos amores, à Religião, ao futebol, à música, aos valores, à moral e assim por diante, à vida, está repleto de crenças injustificáveis que beiram à fé, uma vez que, sem a qual, não seríamos capazes de dar um passo na existência.
Seria muito ingênuo da minha parte se todo mundo pensasse de acordo com a razão! Os pais amassem os filhos certos; os avós se apegassem aos netos certos; os irmãos não preferissem uns a outros; se não encobríssemos os erros de nossos parentes; se não tratássemos as pessoas diferenciadas; se não nos revoltássemos por causas erradas. Essas atitudes estão na linha das paixões e da arte, pois quanto menos explicações melhor para viver.
Imagine se um eleitor, apaixonado por seu partido político e por seu candidato, tivesse que explicar as razões por que vota nele?! Talvez, não votasse mais. Porém, a política, tal como arte e a Religião, não é assim. Há eleitores que dão à vida por seus candidatos, mesmo sendo eles injustos, desonestos e corruptos. “Voto nele e pronto, não quero nem saber”. É costume ouvirmos expressões do tipo: “Admiro Picasso e pronto, gosto de suas pinturas”; “Sei que faz mal, me prejudica, mas gosto de fumar”; “Só ouço forró e pronto”; “Tá na 2ª divisão do brasileiro, não ganha uma partida, mas gosto desse time”; “Sou apaixonado por ele, não importa o que digam”; “Amo meu filho, só eu posso falar dele, não admito que outros falem”; “Amo meu pai e não importa o que digam dele”.
Expressões como essas mostram muito bem que não é toda hora que a vida precisa de “porquê”. “Porquê” tem hora, não cabe em todo lugar, nem com todo mundo, nem a todo o instante. Não importa o que digam, mas continuamos com nossos bem-quereres, com nossas preferências, é do puro gostar, mesmo que estranhamente, optamos sempre pelo que nos agrada e não pelo que é certo ou errado. É da natureza da vida a contradição racional, uma vez que não é a razão e sim a arte; não é a explicação e sim a empatia que movem a vida.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em Metafísica.
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Quando se encontra com o movimento e os trejeitos de capturar a natureza do ser em Emmanuel Lévinas, descobre-se não só a importância que ele dá à ética, como também à Palavra de Deus, sobretudo em tempos que equivocadamente, a meu ver, exclui-se a relação da Filosofia com a Revelação divina. Acredito que essa aproximação traz uma riqueza formidável para o alargamento de nossa compreensão do mundo e da Natureza do ser.

Para Lévinas, deve-se por em questão a “essencial natureza”[1]. O que Lévinas quer fazer é dar uma reviravolta no pensamento de sua época. Conheceu Heidegger, Sartre. Fora aluno de Husserl e contemporâneo de duas grandes guerras mundiais do Século passado. Não bastasse isso, Lévinas propõe superar seus contemporâneos, de tal modo que rompe com o subjetivismo individualista e psicológico de seus colegas de discussão filosófica. Dá à fenomenologia todo um estranhamento que lhe é própria.

Sua visão parte do outro homem. Pra começar, Lévinas desconstrói uma metafísica inteiramente emotiva e caminha em direção à liberdade do outro, do rosto do outro, descobrindo aí o próprio âmago do fenômeno, um excedente de significação que chama de “glória”[2]. A superação de Lévinas tem uma saída que passa pela “glória”, a qual lhe suplica, reclama, convoca responsabilidade. Uma súplica, uma reclamação e uma convocação bastante coerente à sua visão do rosto de outrem. Daí, uma pergunta se faz oportuna: “Não se deveria chamar palavra de Deus esta súplica ou esta interpelação ou esta convocação à responsabilidade?”[3].

Mas Lévinas recorre à palavra glória nesta obra, é bom que se fique claro, para falar do rosto que é, segundo ele, o excesso de significado pelo outro. Chegar ao extremo pelo outro. “A orientação da consciência sobre o ser na sua perseverança ontológica ou no seu ser-para-a-morte, em que a consciência está segura de ir ao extremo – tudo isto é interrompido frente ao rosto do outro homem. É, talvez, este além do ser e da morte que significa a palavra glória, à qual recorri ao falar do rosto”[4].

Lévinas parece entender “glória” quase como um grito da natureza. Para lembrar Spinoza, o próprio Lévinas afirma: “O humano por detrás da perseverança no ser”. Em outras palavras é ver o humano por trás do “conatus” de Spinoza, como se a natureza ficasse nua diante de nossos olhos.

Vejamos, assim, o que Lévinas fala do natural para endossarmos esta ideia: “No natural do ser-ao-qual-importa-seu-próprio-ser, em relação ao qual todas as coisas, como o que está ao alcance da mão, como utensílio – e até o outro homem – parecem tomar sentido, a essencial natureza põe-se em questão. Reviravolta a partir do rosto de outrem em que, no seio mesmo do fenômeno em sua luz, significa um excedente de significância que se poderia designar como glória que me interpela e me ordena”[5].

Todavia, se a crise de seu tempo encontrava-se numa autonomia do eu que nega toda alteridade pelo assassinato ou pelo pensamento englobante e totalizante geradores de guerras e conflitos entre os povos, é preciso então erradicar a deposição pelo eu de sua soberania de eu: “Na deposição pelo eu de sua soberania de eu, sob sua modalidade de eu detestável, significa a ética, mas também, provavelmente, a própria espiritualidade da alma e, certamente, a questão do sentido do ser, isto é, seu apelo à justificação”[6].

Portanto, a deposição do eu(mesmo) como eu(outro) ou do velho eu a um novo eu também se inscreve assim: “A maravilha do eu reivindicado por Deus no rosto do próximo – a maravilha do eu desembaraçado de si e temente a Deus – é assim como a suspensão do eterno e irreversível retorno do idêntico a si mesmo”[7].

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.

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[1] LÉVINAS, Emmanuel. Entre Nós. Ensaios sobre a alteridade. Rio de Janeiro, Petrópolis: Ed. Vozes. 2004. pág. 196.

[2] Ibidem.

[3] Ibidem.

[4] Ibidem.

[5] Ibidem, pág. 175.

[6] Ibidem.

[7] Ibidem, pág. 176.




“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”(Mateus 19.19) é o ponto alto da ética cristã. No entanto, o que esse mandamento significa e o que ele requer, assim como acontece com muitos princípios morais bons, é ambíguo, porém exigente, sério e urgente do ponto de vista espiritual, haja vista a atual situação secular em que vivemos, onde predominam o desrespeito ao outro, a violência humana, um materialismo desenfreado e o descaso para com os valores éticos.

A questão que se coloca aqui é, do ponto de vista filosófico: Até que ponto “Amarás o teu próximo” é consistente em tolerar as crenças e práticas de seu próximo, quando você acredita que essas crenças causarão sofrimento eterno a ele? Como você poderá amar os outros apropriadamente sem agir para prevenir esse terrível destino? Isso se torna ainda mais complicado quando consideramos o princípio todo “amarás teu próximo como a ti mesmo”.

Afinal de contas, uma característica clara do amor por si mesmo é que você age para prevenir seu próprio sofrimento eterno, quando possível. Assim, se é necessário amar o próximo como a si mesmo, e uma conseqüência de amar a si mesmo é agir para evitar o sofrimento(incluindo o sofrimento eterno), então parece que também é necessário agir para prevenir o sofrimento eterno dos outros. Porém, amar aqui deve apontar para a caridade e fazer com que o outro se liberte do sofrimento, que muitas vezes pode ser o pecado ou o mal ao qual está envolvido, muito embora que a liberdade entendida aqui implique em negar a si mesmo.

A questão se desenrola e desemboca numa compreensão mais ampla: a espiritual. Nossa renúncia ao pecado e ao egoísmo, bem como ao individualismo presente como um fim em si mesmo deve visar à santidade, à comunhão com Deus, mas também ao bem de nosso próximo. Daí, Ele requer que sejamos longânimos com os mais fracos, a fim de ganhá-los para Cristo pelo amor.

Para se praticar ou viver um verdadeiro cristianismo, deve-se ter amor ao próximo, a partir de uma alteridade franca e transparente, conforme ensinou Jesus em Lucas 10.27: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”.

Com essa síntese dos mandamentos, Jesus combateu o farisaísmo judaico, fazendo menção à lei de Moisés e inaugurando uma nova ordem, uma nova maneira de servir a Deus, agora por via do amor ao próximo.

Jackislandy Meira de M. Silva, Professor e Filósofo.

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