Anselmo de Cantuária (1033/1034 - 21 de Abril 1109), nascido Anselmo de Aosta (por ser natural de Aosta, hoje na Itália), e também conhecido como Santo Anselmo, foi um influente teólogo e filósofo medieval italiano de origem normanda.


Anselmo de Aosta parte da idéia de Deus de ser perfeitíssimo. Não existir somente na idéia, mas também na realidade. Parte-se do conceito de Deus para afirmá-lo.
Assim, o ponto de partida do argumento ou prova a priori de Anselmo é a idéia de Deus que nós temos no nosso intelecto, também o estulto do qual fala o Salmo (estulto é aquele que se diz ateu) tem em si a idéia de Deus, esta idéia é de um ser maior do que o qual nada se pode pensar. “Id quo magis cogitare nequit”, a idéia de ser perfeitíssimo. Esta característica de Deus como ser perfeitíssimo está no intelecto, porém na sua própria natureza está implícito o fato de que não existe só no intelecto porque se poderia pensar num outro ser que além de existir no intelecto existisse na realidade e então o primeiro não seria mais “Id quo magis...”, mas isso é contraditório, pois afirma e nega que Deus seja o ser maior do que o qual nada pode existir.
Em conclusão, partindo da idéia de Deus como ser perfeitíssimo está implícita nesta própria idéia o atributo e a característica da existência. Assim, Sto. Anselmo afirma que no próprio conceito de Deus como ser perfeitíssimo está incluída a prova de sua existência. Este argumento se chama a priori porque não parte das coisas criadas, mas do conceito de Deus que vem antes de todas as coisas criadas e que se encontra no sujeito, no eu do homem. Este argumento se chama também ontológico porque dá existência real de ser lógico. No próprio conceito de Deus se deve admitir a existência como elemento essencial desta perfeição.
O monge Gaunilon objetou o seu mestre no “Líber pro insipiente” que a idéia de Deus é conhecida pelos homens como e somente de forma genérica, não temos um conhecimento substancial dele. Em segundo lugar, Gaunilon afirma que eu poderia ter na minha mente a idéia das ilhas felizes cheias de delícias, mas não por isso esta idéia se concretizaria na realidade.
Deste modo, Gaunilon nega a legitimidade da passagem do plano lógico ao plano real. Padre Anselmo respondeu ao seu discípulo no “líber apologeticus” afirmando que o exemplo da ilha afortunada e perfeita não é adequado porque a passagem da idéia à existência real é possível somente em um caso, no caso da idéia de Deus como “Id quo magis cogitare nequit”, quer dizer somente no caso da idéia de ser perfeitíssimo.
A novidade de Anselmo para a Filosofia é o argumento a priori, ontológico ou a simultâneo. Sua Filosofia está como em Agostinho a favor da fé, a fórmula que ele usa é “Credo ut intelligam”, acredito para entender. Depois, outros filósofos acrescentaram a afirmação “intelligo ut credam”. Para Anselmo, a fé tem a primazia sobre a razão, o princípio da razão é a fé. A fé torna possível entender o sentido último das coisas, o objeto da fé por sua vez é abraçado em força do amor, o homem conhece porque ama, deseja conhecer sempre mais a realidade que ama. A fé desta forma não suprime a razão e a inteligência, mas é um princípio estimulante e vivificante. Na prova de Anselmo, o ponto de partida é a realidade de Deus que nós já possuímos por meio da fé e da tradição cristã, a razão se exerce como a ajuda a entender um dado já oferecido pela fé. Assim, o ponto de partida de Anselmo é a idéia de Deus apresentada em termos totalmente racionais (a idéia de ser perfeitíssimo), mas de fato herdada pela tradição cristã. “Fides quaerens intellectum”, a fé que procura a inteligência.

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
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